Bruno Barreto
Editor de Política
"Meu apoio foi decisivo para a vitória da governadora nas eleições de 2006". Esta é a frase que já virou chavão do presidente da Assembleia Legislativa, Robinson Faria (PMN), quando quer "passar em rosto" a decisão de ficar ao lado da governadora Wilma de Faria (PSB) abrindo mão de ser vice na chapa encabeçada pelo senador Garibaldi Filho (PMDB), tido como o "governador de férias" antes do pleito realizado há quase quatro anos.
Quando Robinson Faria fala nesse assunto se refere ao poderio eleitoral dele na região Agreste do Rio Grande do Norte, onde exerce liderança sobre vários prefeitos. No entanto, os números mostram que a fatura que o parlamentar tem a cobrar da governadora é bem menor do que ele imagina ou pelo menos demonstra acreditar nas entrevistas. O Mossoroense chegou a essa constatação ao fazer um estudo sobre os números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos 37 municípios da região.
No primeiro turno, por exemplo: Wilma foi derrotada por Garibaldi na região agreste. Ela teve 96.861 votos contra 104.300 do peemedebista. A governadora venceu em 19 cidades, enquanto Garibaldi venceu em 18.
A região Agreste é dividida em três microrregiões: Agreste, Borborema Potiguar e Baixa Verde.
Destas, Garibaldi venceu em duas no primeiro turno: Agreste (a maior delas) e Baixa Verde (a menor) por respectivamente 52.764 x 45.198 e 18.579 x 13.579. Foi justamente na microrregião Agreste onde Robinson Faria tem maior influência. Dentre 16 cidades, ele foi o deputado estadual mais votado em oito (Jundiá, Lagoa Danta, Lagoa de Pedra, Monte Alegre, Nova Cruz, Santo Antonio, Serrinha e Várzea), ficou em segundo em duas (Bom Jesus e Vera Cruz) e em terceiro em uma (Lagoa Salgada). Totalizando somente nela 21.595 votos dos 29.439 sufrágios acumulados nas três microrregiões.
A governadora foi vitoriosa apenas na Borborema Potiguar com 38.084 contra 32.725 do adversário. Justamente na microrregião onde Robinson tem o pior desempenho em termos proporcionais. Dentre 16 cidades, ele foi o primeiro colocado em apenas duas (Tangará e Barcelona) foi segundo em quatro (Jaçanã, Monte das Gameleiras, São José de Campestre e Serra de São Bento) e não ficou em terceiro em nenhuma. E cidades como São Bento do Trairi onde Wilma venceu (1.332 x 1018) o presidente da Assembleia teve mau desempenho (apenas um voto). Ao todo Robinson teve 5.349 nessa microrregião. Nos cinco municípios da Baixa Verde, Robinson foi o mais votado apenas em Parazinho, segundo em Bento Fernandes e terceiro em Jandaíra. Ao todo recebeu 2.495 votos.
Segundo turno
No segundo turno, Wilma também foi derrotada por Garibaldi nas duas microrregiões onde perdera no primeiro turno, mas diminuiu a diferença. No Agreste foi 53.711 votos pró Garibaldi contra 53.404. Na Baixa Verde foram 17.872 contra 15.017. Wilma ampliou a vantagem na Borborema Potiguar (41.908 x 29.817). Redução dos prejuízos onde Garibaldi venceu e a ampliação onde ela fora vitoriosa fez a pessebista encerrar o segundo turno à frente do adversário na região: 108.891 x 101.400. Wilma virou o jogo em sete cidades e Garibaldi em apenas uma, ficando o placar final em 25 x 12.
Apoio de Iberê garantiu primeiro lugar de Fábio Faria
Já quem pode cobrar reciprocidade é o vice-governador Iberê Ferreira de Souza (PSB). Ele abriu mão de uma reeleição tida como certa para a Câmara dos Deputados para aceitar ser vice de Wilma que estava com um saldo negativo de 20% nas pesquisas em relação a Garibaldi no período das convenções.
Para garantir Robinson no grupo, Iberê cedeu ao filho dele, Fábio Faria (PMN), bases consolidadas há mais de três décadas também na região Agreste. O resultado disso foi a votação história de Fábio que atingiu 195.148 votos, o parlamentar mais votado do país em termos proporcionais.
Para comprovar o peso de Iberê na eleição de Fábio basta ver os números de Santa Cruz, terra natal do vice-governador. Lá o jovem candidato teve 5.984 votos, sendo o campeão nas urnas, enquanto Robinson Faria teve apenas 176 votos, ficando em 15° lugar. Lá, Wilma venceu Garibaldi nos dois turnos (9.436 x 7.316 e 10.262 x 6.783).
Em São Bento do Trairi, onde Robinson teve apenas um voto, Fábio foi o mais votado com 1.362. Cenário semelhante se repetiu em Campo Redondo. Lá, o presidente da Assembleia Legislativa teve apenas sete votos e Fábio novamente foi o campeão de votos (2.056). O mesmo aconteceu em São Paulo do Potengi onde Fábio foi o líder (2.612) e Robinson teve 76 sufrágios.
Esses números mostram o peso de Iberê na região Agreste e a influência de suas bases em favor de Fábio Faria, fazendo ele ser o campeão das urnas em 2006.
Wilma x Garibaldi no Agreste
1° turno:
Garibaldi: 104.300
Wilma: 96.861
Vitórias cidades:
Garibaldi: 18
Wilma: 19
2° Turno
Wilma: 108.891
Garibaldi: 101.400
Vitórias cidades:
Wilma: 25
Garibaldi: 12
Microrregiões
Agreste:
1° turno
Garibaldi: 52.764
Wilma: 45.198
Vitórias nas cidades:
Garibaldi: 8
Wilma: 8
2° Turno
Garibaldi: 53.711
Wilma: 53.404
Vitórias nas cidades:
Wilma: 10
Garibaldi: 6
Borborema Potiguar:
1° turno
Wilma: 38.084
Garibaldi: 32.725
Vitória nas cidades:
Wilma: 11
Garibaldi: 5
2° turno
Wilma: 41.908
Garibaldi: 29.817
Vitória nas cidades:
Wilma: 14
Garibaldi: 2
Baixa Verde:
1° turno
Garibaldi: 18.811
Wilma: 13.579
Vitória nas cidades:
Garibaldi: 5
Wilma: 0
2° turno
Garibaldi: 17.872
Wilma: 15.017
Vitórias nas cidades
Garibaldi: 4
Wilma: 1
Desempenho de Robinson Faria no Agreste:
Total:
Votos: 29.439
Primeiros lugares: 11
Segundos lugares: 7
Terceiros lugares: 2
*Microrregiões:
- Agreste:
Votos: 21.595
Primeiros ligares: 8
Segundos lugares: 2
Terceiros lugares: 1
Borborema Potiguar:
Votos: 5.349
Primeiros lugares: 2
Segundos lugares: 4
Terceiros lugares: 0
Baixa Verde:
Votos: 2.495
Primeiros lugares: 1
Segundos lugares: 1
Terceiros lugares: 1